segunda-feira, 7 de junho de 2010

a obscena senhora D

[...] quem foi Hillé se nunca foi um nome? [...]
[...] toma os meus sessenta, sessenta anos vulgares e um único aspirar, suspenso, aspirei vilas, cidades, nomes, conheci um rosto sem face, um homem sem umbigo, um animal que falava e os olhos mordiam, uma criança que deu dois passos e contornou o mundo, um velho que esquadrinhou o mundo mas quando voltou à casa viu que não havia saído do primeiro degrau de sua escada, vi alguém privado de sentimentos, nulo, sozinho como Tu mesmo Menino-Porco, eraesticado e leve, era rosado, e não sentia absolutamente nada, um dia na praia começou a correr em direção ao mar, mergulhou, e nunca mais emergiu, eu vi quando se fez em curva e apontou a cabeça para as águas, vi dorso, nuca, brilhos, brilhos na cabeça, pensei: estranho, moveu-se, como quem sentiu. Vi um lago de ouro, eu mesma, quando te toquei, Ehud, pela primeira vez, e uma luz na tua cara tão difusa e em poontas que
senhora D, podia por favor abrir um pouco a janela? [...]
[...] e uma luz na tua cara tão fifusa e em pontas que a boca amanheceu com a luz dos rubis, e vi uma pedra exsudando, um extensor encolhendo, um livro tentando olhar-se e ler-se, um sonho caminhando, uma ponte enterrada, isso muito triste uma ponte enterrada. Cisão. Esfacelamento. [...]

[...] murmuras, hein? e é tudo tão simples, Hillé, um azul seboso, um passar sobre, alguns tombos.
o quê?
a vida, azul seboso. tu crias um caminho de dores para ti Hillé, o coração e o UMM também são ilusões, descansa.
não posso, as coisas pulsam, tudo pulsa, há sons o tempo inteiro, tu não ouves? os sons da cor, teu som, Ehud
como é o meu som? [...]

[...] Se pudesse esquecer, Hillé, teias, torsões, sentir a minha mão sem o teu vivo-morte, te acaricio apenas, olha, é a mão de um homem, vê que simples, dedos, mornura, te acaricio apenas, e tua pele teu corpo vai sentir a minha mão como se a água te circundasse, não sou eu Ehud experienciado em ti, me vês como nunca me pude ver, eu Ehud não sou esse que vivencias em ti, és Hillé apenas, Hillé que pode ser feliz só sendo assim tocada, não é bom? Fecha os olhos, peocura imaginar o vazio, o azul seboso, pequenos tombos, eu um homem te tocando porque te amo e porque o corpo foi feito para ser tocado, toca-me também sem essa crispação, é linda a carne, não mete o Outro nisso, não me olhes assim, o Outro ninguém sabe, Hillé, Ele não te vê, não te ouve, nunca soube de ti, sou eu Ejud, sopro e ternura, sim claro que também avidez e sombra muitas vezes, mas é apenas um homem que te toca, e metemos, é isso senhora D, merda, é apenas isso [...]