terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Mulholland Drive

Daqui a duas horas estarei compartilhando minha semana com ela, não vejo a hora. Há semanas em que pouco de marcante ou preocupante acontece, mas há outras que... Parecem mais o período de uma vida inteira.

Ontem saí do trabalho debaixo da chuva. Me comportei da mesma forma que a natureza superaquecida. De tanto ardor, desabei. Chovi água e fumaça, lágrima e farpa. Vi meu corpo molhar, os pés cheios de barro, areia, grama. Só eu andava na Imperatriz
Leopoldina deserta, eu e os carros apressados.[Escutava Maysa]. Estava tão vivo e tão triste. Não parava de pensar: talvez ele me encontre. Disse que ia dar uma volta, quem sabe resolveu caminhar pela chuva como eu, amenizar as feridas na água corrente. Ou quem sabe algum conhecido estacione o carro me oferecendo carona. E se assim um
estranho fizer, não darei as costas. "Sempre dependi da bondade de estranhos". A chuva parou quando minhas pernas começaram a latejar, não posso esquecer de alongar ao chegar em casa.

Fechei minha noite da forma mais enigmática, louca e desinteressante: Cidade dos Sonhos, de David Lynch. Difícil esquecer a cena do beijo entre as mulheres, a qual ocasiona fúria-ciúme-desepero na terceira mulher, Naomi Watts. Parei o filme diversas vezes, fingindo que a intenção era beber um copo d'água, quando na verdade passava pelo meu quarto e conferia o celular, sempre esperando uma mensagem, uma chamada perdida, algum contato. Reuni todas as forças para não mostrar minha inquietação, uma simples chamada do meu celular podia quebrar minha promessa.

Às duas horas veio a mensagem. Eu não percebi, dormia profundo. Ele não está bem.

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