quarta-feira, 22 de julho de 2009

Enterro No Pátio



Suado e fatigado
Cheirava à terra
Sentou a dois palmos de distância
E permaneceu calado
Estático

Escorria pesar dos olhos verdes
Lágrimas sujas de terra
Que percorriam a face úmida
Misturavam-se com suor e sujeira
Formando sopas orgânicas

Sopas que transbordavam vida, dor
Mas sequer uma gota de júbilo
Não agora, não nessa hora
Nesse instante em que nem o sol poente ousa retornar

Aproximou-se fungando
Envolveu-me em seus braços
Quase sufocando-me
Chorava desvairado

Senti seu corpo trêmulo
Colado ao meu
Assim como há vinte e sete anos atrás
Nos confins do sereno, quente, materno ventre

Rasga-me o peito
A simples lembrança do leito
A cama de odores, as maternas e alvas flores

Cama, agora vazia.
Onde um dia
Doce mulher repousou.

Um comentário:

  1. Oi Gui, te deixei um selo no meu blog, pras pessoas verem que tu é um dos "favoritos".

    Beijos, doce!

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